terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

NÃO SEI O QUE EU QUERO, MAS SEI O QUE EU NÃO QUERO

Trabalhando hoje como Consultor de Gestão de Pessoas, escuto frequentemente este tipo de frase: “Não sei o que eu quero, mas sei o que eu não quero...” Nos diálogos de carreira, especialmente com o pessoal jovem, esta é a expressão que mais escuto. Aliás, desde quando eu estava na vida executiva, como Diretor de RH, era comum me deparar com alguém insatisfeito com a sua trajetória profissional, usando este mesmo argumento. As escolhas profissionais são sempre bastante difíceis e complexas. A começar quando ainda somos jovens e precisamos definir a formação acadêmica que desejamos cursar. Como alguém com 17 ou 18 anos pode ter certeza quanto a profissão que deseja abraçar? Acho muito complicado e o resultado acabamos vendo mais tarde. Muitas pessoas se formam em determinada profissão, mas acabam fazendo outras coisas que não têm nada a ver com a sua formação inicial. De uma certa maneira, eu nem acho isso muito ruim, porque sempre pensei que o mais importante é a pessoa desenvolver um “pensamento em nível superior” independente da sua formação acadêmica propriamente dita. A experiência acabará vindo com a prática. Tive a oportunidade de trabalhar nos Estados Unidos e no Brasil com profissionais que tinham posições de destaque em negócios, com formações acadêmicas bastante distintas. Lembro-me de um Gerente Geral da América Latina numa empresa farmacêutica que trabalhei, cuja a formação acadêmica era em História. Isso acaba confirmando para mim, que o mais importante é o desenvolvimento do pensamento, como mencionei anteriormente.
Ultimamente tenho notado mais jovens com o conflito de qual carreira ou que trabalho escolher. Penso que este mundo de comunicação intensa e de transformação constante está trazendo uma inquietação e uma ansiedade muito grande para os jovens. São tantas informações e possibilidades que fica cada vez mais difícil fazer as escolhas certas ou que trazem maior satisfação. Quando morei nos Estados Unidos e precisava de um carro, adquiri um guia completo para compra de automóveis. Quase enlouqueci de tantas opções, modelos e marcas que existiam. Fiquei bastante confuso e ansioso pois não conseguia decidir a simples escolha de um carro para a família. Talvez esse seja de alguma forma, o fenômeno que está ocorrendo para os jovens na escolha de carreira. São tantas opções e possibilidades, que fica muito difícil conseguir focar e saber por onde seguir.
Encontro jovens que se graduam, depois descobrem que não gostam da profissão e abandonam. Outros começam a fazer outras graduações após a conclusão da primeira, em busca de algo que não encontraram na escolha inicial. Algumas vezes acabam ficando mais confusos do que antes. Muitos me questionam se deveriam fazer outra escolha para a formação. Por sorte alguns destes jovens conseguem definir claramente o que querem e seguem as profissões que abraçaram. Obviamente que depois vem outro tipo de desafio, que é a especialidade que desejam seguir. Essa é uma outra batalha, porque muitas formações permitem uma variada quantidade de opções. Por exemplo, quem faz Direito, depois que se graduar poderá seguir vários caminhos profissionais. Parece simples mas não é, já que esta formação abre muitos caminhos e possibilidades distintas. Outros começam numa área que não gostam e ficam frustrados rapidamente. A primeira reação é abandonar a profissão, quando na realidade, muitas vezes, é preciso apenas um pequeno ajuste ou mudança. A minha recomendação é sempre analisar bem se é a graduação que não foi o que esperava, ou se é a área de atuação que não condiz ou tem a ver com a pessoa. Muitas vezes o problema está no perfil do indivíduo e a área de atuação. Portanto, não necessariamente tem a ver com a profissão ou a graduação escolhida. Por exemplo: posso ser um Administrador de Empresa, com uma personalidade mais voltada para finanças. Posso também ter a mesma graduação, entretanto ter uma personalidade mais voltada para a área comercial.
Por essas e outras que muitas pessoas quando me procuram para falar sobre carreira dizem: “Eu não sei o que eu quero, mas sei o que eu não quero”. Desejo que todos possam encontrar o seu caminho profissional e sejam felizes e realizados. Que possam dizer : “Sei o que eu quero e fiz a escolha certa”.

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