sexta-feira, 20 de outubro de 2017

ECONOMIA COMPORTAMENTAL EM RECURSOS HUMANOS


A ideia fundamental do conceito da economia comportamental em gestão de pessoas, é desmistificar que todas as decisões neste campo são baseadas na racionalidade. O mundo dos negócios obviamente, desejaria que tudo fosse racionalmente previsível, mas todos sabemos que quando lidamos com pessoas, isso é impossível. É só observar nos diferentes campos da atuação humana, o quanto são decisões racionais e quanto não são.

A Gestão de Recursos Humanos dentro das organizações tem como objetivo principal encontrar o melhor talento humano que possa trazer os melhores resultados para a empresa do ponto de vista de negócio. Portanto, o objetivo é absolutamente racional e pragmático. Entretanto se isso fosse absolutamente matemático, não haveria necessidade de trocar ou demitir pessoas ao longo do tempo. Não seria necessário desenvolver e treinar estes talentos, uma vez que racionalmente a empresa buscou o melhor talento no mercado, e pressupõe-se que já tenha vindo preparado e treinando para executar a função.

Do ponto de vista da Liderança, é muito claro que a sua principal responsabilidade é dar direcionamento e coordenar a atividade de várias pessoas para que o objetivo do negócio seja plenamente atingido. Na prática vemos que as empresas têm que dedicar uma quantidade enorme de recursos para preparar e desenvolver a liderança de forma plena em constante. Quantas decisões são tomadas por estas lideranças que muitas vezes resultam em piora do resultado? Escolhas mal feitas de pessoas, decisões mal analisadas, reações emocionais, posturas vaidosas, brigas de poder, e outras tantas coisas que são por natureza irracionais e que não têm nada a ver com as decisões racionais necessárias para o bom desenvolvimento do trabalho.

Outro capítulo que precisa ser bem cuidado, e que tem um grande risco de irracionalidade, são as contratações e as promoções. Há uma grande tendência nas contratações das pessoas, de os líderes quererem escolher aqueles que são muito semelhantes a eles mesmos. Essas decisões, em muitos casos, afastam a empresa da escolha do melhor colaborador, que produzirá os melhores resultados para a organização. Sem considerar outros elementos num processo de seleção, que muitas vezes inconscientemente, determinam certas decisões em função da empatia, da relação, da indicação, da afinidade, etc.

Seguindo adiante, outro tema que precisa ser cuidado da melhor forma racional possível, trata das promoções dentro das organizações. Uma boa parte delas é feito com critérios concretos e indicadores racionais, mas muitas são baseadas na relação humana, ou outros indicadores como capacidade política, relação de amizade, etc. Quando a decisão é feita dentro de critérios pessoais e de relacionamento, em muitos casos corre-se o risco de não se tomar a melhor decisão e a mais racional para o resultado do negócio. É por esta razão que vemos tantas discussões e até mesmo insatisfações dentro das empresas, tendo em vista que as escolhas acabam sendo erradas.

Isso me fez recordar uma das multinacionais em que eu trabalhei, onde vários profissionais foram expatriados para os Estados Unidos. Essas escolhas obviamente eram técnicas, e passavam por vários avaliadores para assegurar de que os profissionais eram os melhores nos seus campos de atividade. Após alguns anos se desenvolvendo no exterior, em princípio, estes profissionais valiam mais para a empresa, em virtude dos investimentos realizados. Mas o que acontecia com eles quando retornavam ao país? A grande maioria acabava saindo da empresa, pois as lideranças que os enviaram para o exterior já não estavam na empresa ou estavam em outras posições. Os novos líderes pouco valorizaram os investimentos feitos nesses profissionais, e acabavam perdendo-os para o mercado. Quanto dinheiro é jogado fora nas empresas em várias áreas, por pessoas que agem desta forma?

Decisões deste tipo ocorrem em muitas áreas na gestão de pessoas. As áreas de benefícios e remuneração são outras que impactam fortemente nos custos das empresas, entretanto muitas decisões são feitas de forma emocional ou pouco racional. No momento de dar um aumento salarial, uma promoção, ou mesmo um pagamento de bônus, muitas vezes os líderes o fazem usando julgamento ou critérios mais de ordem pessoal do que técnico. Essas decisões acabam vazando e criando problemas no ambiente de trabalho e na motivação das pessoas.

Resumindo, em matéria de gestão de pessoas, as empresas precisarão cada vez mais desenvolver critérios que minimizem decisões pessoais versus técnicas ou racionais. As variáveis comportamentais são enormes e precisam ser bem gerenciadas para a assegurar a melhor justiça organizacional possível e o melhor resultado para o negócio, embora saibamos que a natureza humana, faz coisas que são irracionais, em todos os campos de atividades.

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