terça-feira, 20 de junho de 2017

DA GESTÃO DE RH PARA A GESTÃO DO TRABALHO


O mundo do emprego e do trabalho está em plena transformação. A forma como o trabalho ainda hoje é organizado, tem muito a ver com os processos industriais do século passado: processos padrões e repetitivos. Para lidar com estes processos é necessário empregar pessoas que cuidarão dos mesmos, de uma forma regular e constante, sem grandes alterações, apenas com algumas melhorias de eficiência e produtividade ao longo do tempo. Esse é o modelo industrial que inspirou também muitos processos em outras áreas de trabalho do ponto de vista organizacional, inspirado também nos modelos militares e religiosos, que para funcionar precisam ser mais hierarquizados e departamentalizados.

Com o advento da era da informação, muitas coisas começaram a mudar. A tecnologia começou a substituir a mão de obra em algumas funções e áreas de trabalho, notadamente com muito mais qualidade e produtividade. Eu me recordo quando trabalhei na indústria automobilística na década de 70, que uma empresa como a VW tinha em São Bernardo do Campo em torno de 36 mil empregados, com uma produção x de carros. Hoje deve ter menos de 10 mil empregados para uma produção muitas vezes superior ao daquela época. Apenas como exemplo do efeito da tecnologia na substituição de mão de obra. Obviamente que, num primeiro momento, isso é muito ruim para o emprego, porém ao longo do tempo isso se reverte em uma qualificação maior das pessoas, para funções mais nobres e melhor remuneradas. Além disso, não é possível parar o progresso, mesmo que a sociedade num primeiro momento pague um preço alto, do ponto de vista do emprego.

Essas mudanças já obrigaram a gestão do RH, a mudar de forma significativa o seu modelo de gestão. Até o nome do Gestor de RH, que era até então chamado de Gestor de Pessoal, depois Gestor de Relações Industriais, evoluiu para Gestor de Recursos Humanos. Notem o nome que se dava na década de 70 para o Gestor de Pessoas. Era Gestor de Relações Industriais. O fator humano de alguma forma era retratado como um recurso industrial, quase equivalente aos outros recursos materiais. Não é a toa que nesta época explodem os movimentos sindicais. A medida que a tecnologia foi avançando, o trabalho foi ganhando mais complexidade e exigindo das empresas uma maior sofisticação na gestão de pessoas. Houve uma diminuição do volume de colaboradores, entretanto houve também uma maior qualificação das pessoas para as posições restantes.

 Com isso, buscar os novos talentos, desenvolve-los, mantê-los e retê-los, tornou-se muito mais complexo para as organizações. Para atender esta nova demanda, aliado ao progresso econômico da época, a área de Recursos Humanos teve que fazer um upgrade e evoluir para um novo patamar de qualificação.

Este ciclo da era da informação, segundo alguns autores, se encerrou no início do ano 2000, e uma nova era tecnológica se iniciou a partir deste momento, que está sendo conhecida com a Era Digital. Estamos apenas no seu início, mas já percebemos claramente as mudanças e inovações que isto está trazendo.

Com este avanço da era digital, as formas de trabalho também estão de modificando de forma revolucionária. Poderíamos dizer que hoje não é necessário que as pessoas estejam fisicamente num escritório, tendo em vista que é possível se conectar e trabalhar de qualquer lugar no planeta. O custo de deslocamento nos grandes centros, além do custo de manutenção dos escritórios, em breve fará com que as pessoas trabalhem das suas casas, ou locais remotos sem necessidade de estarem num lugar coletivo.

Além disso muitas das funções que estão incorporadas na forma de emprego nas organizações, deixarão de existir. O custo é muito alto para manter, especialmente aquelas funções que são mais necessárias em alguns momentos do trabalho. É notável a quantidade de pessoas hoje que trabalham nos seus pequenos negócios prestando serviços para as organizações. A tal da terceirização, consultorias, ou prestação de serviços, seja lá os nomes que queiramos dar. Fica claro que a organização do trabalho, será muito mais no formato de projetos, ou num modelo de como é feito um filme. Trabalhos são agregados em momentos diferentes conforme a necessidade. E isso poderá ser feito de qualquer parte do planeta.

Concluindo, a gestão do trabalho seja qual for o formato ou o processo será mais crítico do que a gestão de recursos humanos como conhecemos hoje. É este novo modelo que irá agregar mais valor ao negócio com muito mais eficiência e resultado. Resta saber se as empresas estão preparadas ou se preparando para este novo mundo.

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