sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

O RISCO DA "CULTURA PICLES" NAS ORGANIZAÇÕES


Nunca se falou tanto de Cultura Organizacional como nos tempos atuais. Se você quer ter sucesso numa empresa, tem que entender a cultura dela. Se você quer ser promovido tem que estar alinhado com a cultura. De repente parece que saber lidar com a cultura da organização, é a fórmula para o sucesso.

O discurso das empresas é que devemos trazer “diversidade” para a organização, pois assim vamos oxigenar a forma de pensar da empresa. Faz sentido. Se todas as pessoas tiverem as mesmas formações, o mesmo perfil social ou vierem geograficamente da mesma região, certamente não teremos muitas ideias novas ou inovações. Por outro lado, quanto mais pessoas de gênero, origem e raças, diferentes, maior será a riqueza de ideias e de formas distintas de pensar. Talvez seja mais trabalhoso organizar pessoas tão diferentes, mas o resultado valerá a pena. As ideias e a maneira de lidar com as coisas será mais rica, e possivelmente, mais produtiva e eficiente.

Conceitualmente faz muito sentido, mas na prática a coisa parece bem diferente. Uma boa parte das organizações adora a “cultura picles”. Essa forma criativa de denominar, é fácil de explicar:  as empresas contratam pessoas diferentes, dentro do conceito de diversidade para trazerem ideias criativas, inovadoras, etc. A empresa quer que essas pessoas se alinhem e se insiram na “cultura” delas. Se fizermos uma analogia com os vegetais, é como se comprássemos cebola, cenoura e pimentão, para termos uma salada variada e depois colocássemos tudo num pote de azeite ou vinagre, que é a “cultura”. O que acontece com os vegetais depois de algum tempo é que perdem os seus sabores originais e ficam todos com o mesmo gosto. Sabor de picles. Isso é exatamente o que acontece nas organizações. Elas contratam pessoas com “sabores” diferentes, e depois colocam todas dentro do pote de “cultura”. Após um certo tempo, estão todos pensando e agindo da mesma forma. As pessoas que eram diferentes, vão tendo o mesmo jeito de pensar e perdem suas características originais que tinham no início.

As empresas muitas vezes não se dão conta disso. Quanto mais diversidade houver num grupo, maior será a riqueza dos resultados produzidos, mas em contrapartida, mais trabalho a Liderança terá para gerencia-lo. Em busca de uma praticidade de gestão, uma boa parte das empresas acaba fortalecendo a “cultura picles”, onde todos, apesar do seus sabores diferentes originalmente, acabam tendo o mesmo gosto com o passar do tempo.

O risco disso é a empresa perder sua capacidade de inovação, de criatividade, de melhoria de processos, etc., tão importantes para o crescimento do negócio no futuro. Nunca as empresas dependeram tanto do talento e da inovação para ter sucesso no negócio. Se isto fizer sentido, elas devem combater esta cultura da padronização, e privilegiar a forma diferente de pensar. Quem sabe poderemos chamar isto de uma salada mista, tudo junto e misturado.

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